REVISTA GRAMADO VIAGEM E TURISMO 

Emergente da serra: a cidade que ameaça roubar o reinado de Gramado

Na tranquila serra gaúcha, uma cidade até então discreta tem atraído olhares — tanto de turistas quanto de desenvolvedores — como forte candidata a suceder Gramado em prestígio e volume de visitas. Com charme natural, clima ameno, estrutura em evolução e ambição de crescer de modo sustentável, esse destino mostra que o protagonismo no turismo de montanha pode estar em plena mutação.

Embora Gramado seja referência longa‑data em hotelaria, eventos e paisagem, o novo destino se destaca por sua combinação de elementos que vêm se fortalecendo: acesso mais ágil e menos saturado, preços habitacionais relativamente mais convidativos, e a capacidade de sediar empreendimentos de lazer, hospedagem e gastronomia com agilidade. Esses fatores criam um ciclo virtuoso: mais visitantes → mais investimento → mais oferta de serviços de qualidade.

A geografia ajuda: localizada numa altitude que permite clima fresco sem extremos proibitivos, a cidade abraça folhagens típicas da serra, mirantes naturais e arquitetura que, aos poucos, assume o perfil dos charmosos vilarejos europeus que atraem o turista nacional. Além disso, o ritmo de crescimento urbano foi permutando da lógica pura de “resort para temporada” para um modelo híbrido: moradia, lazer e turismo se entrelaçam. Essa evolução traz redutos com cafés acolhedores, ruas arborizadas, pequenas lojas de design local e espaços públicos que convidam a caminhar — e não apenas a circular de carro.

Outro diferencial emergente é o esforço por diferenciação no segmento: restaurantes locais que investem em ingredientes da serra, hospedagens boutique com foco em experiência e roteiros que vão além da alta temporada de frio. A ideia é ampliar o calendário para primavera e outono e atrair não apenas quem busca lareira e fondue, mas também quem deseja trilha, cicloturismo, slow travel, fotografar paisagens e viver em meio à natureza com mais conforto urbano do que muitos destinos remotos oferecem.

Mas crescer com qualidade não significa apenas receber mais turistas. A cidade empenha‑se em preservar as qualidades que fazem do charme uma proposta autêntica, e não apenas uma réplica de Gramado. Há cuidado com o meio ambiente, tráfego ainda moderado, menor especulação imobiliária comparada ao destino vizinho e uma escala que favorece a experiência íntima: menos filas, menor pressão comercial, sensação de descoberta. Esse cenário – difícil de manter – pode ser o trunfo que diferencie o novo destino e convença o visitante a voltar mais vezes.

No entanto, o caminho à frente exige vigilância. A cidade precisará lidar com dilemas clássicos: como ampliar a rede hoteleira sem descaracterizar a paisagem; como garantir transporte público e mobilidade que suportem o crescimento; como manter preços acessíveis à população local enquanto o turismo aquecendo o mercado empurra valores. Equilibrar visitação com moradia, crescimento com sustentabilidade, será o grande teste dos próximos anos.

Para o turista que busca novidade, o momento é propício. Visitar agora é participar de uma fase de transição — onde a atmosfera ainda mantém a tranquilidade que precede o “boom”, e onde cada café, mirante ou pousada parece carregar o frescor de descoberta. E para investidores e empreendedores, a leitura é atraente: há campo para construir, inovar e se estabelecer em um destino que promete crescer de forma inteligente.

Mais do que uma promessa, a cidade se apresenta como sinal de que o turismo de montanha no Brasil está evoluindo: não mais apenas repetir fórmulas consagradas, mas buscar identidade própria, escala humana e impacto positivo. Se o reinado de Gramado persiste, ele agora será disputado — e quem visitar este novo destino pode se orgulhar: “eu estive aqui antes da virada”.

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